segunda-feira, 26 de abril de 2010

Parte Três de "Queda da Lua"

De forma bela, o moço tinha um sorriso encantador, uma voz encantadora, um sotaque encantador, uma pele encantadora, um formato encantador, um gosto encantador, olhos encantadores, trejeitos encantadores, cabelo rasteiro encantador e coisas assim do outro gênero.

Dali surgem encanto, planos, tentativas de contato, percalços, novas tentativas de contato... A base estrutural do início de um conto de amor, em que poucas coisas mudam. Sem contatos cibernéticos, e sendo impossibilitado pela vergonha e pela aparente meiguice o contato pessoal, eis o cupido.

Em convite a mim e a ele, o cupido nos chama à orquestra. Vocês, caríssimos, podem entender como uma forma maquiavélica de promover o amor. Assim o foi. Assim deu certo.

O fim de noite contava com as previsíveis imprevisibilidades que levam os amantes de um conto a ficarem sozinhos. E o pós-fim de noite contou com a primeira mensagem de amor: “acho que você acaba de virar meu vício”, por Gustavo.

Parte Dois de "Queda da Lua"

Começa numa fase quase fria. Seus apelos sexuais são mínimos, sua situação amorosa havia encontrado um confortável estado de latência, chegando a aderir ao pensamento de que “a melhor companhia é consigo mesmo”.

Livros, trabalho, amigos e outros assim do mesmo gênero... Formas belas de lidar com o coração saudável. Seria um doutor, talvez juiz. Suas relações com o estudo, os colegas, os amigos e outros assim do mesmo gênero iam muito bem.

E numa dessas elevações sociais acabou pegando carona com uma amiga, Fernanda. Bela, com os cabelos loiros, os olhos azuis e a boca flamejante. Demorariam alguns mais minutos para irem pra casa. Nestes alguns mais, embarca seu irmão, Gustavo.

Ao pensamento do personagem, “Gustavo era um desses poucos heterossexuais bonitos”. Então, os outros mais minutos de ida pra casa trataram de entortar o bom caminho do futuro juiz.

Parte Um de "Queda da Lua"

Vamos escrever um conto de amor. Um desses que sucedem a beleza real, física, bucal. É desses que só se faz pois não há forma outra de suscitar o sentimento. E então o papel fica com a pior parte: a saudade vazia, sem expectativas.

Assim termina: te acham insosso, triste, estranho. E se explicar é tão inútil... mas ao mesmo tempo tão bom. Digo, não “tão” bom, apenas o mais próximo disso: as lembranças entremeadas de sorrisos quase amarelos pois procuram sim agradar de maneira mentirosa, com omissões, mas não aos outros, a você mesmo.

E falando em ilusões, às vezes não se entende por que não se entende a data de validade do amor. Digo, o ex-amado deixa isso claro. O leite está estragado e é visível que seu gosto já não é mais o mesmo. Mas nesse conto, o personagem insiste: “Ele mandou mais de cinqüenta mensagens, deveras ‘eu te amo’, formas indubitáveis de suavidade e doce. Pois se assim o foi, assim não pode deixar de ser.”

Como autor-personagem, venho me defender das acusações de loucura.